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Informações de Saúde

O Segredo do Sono


 

Sonolência durante todo o dia, irritabilidade e dificuldade para prender a atenção. Esses são alguns dos efeitos mais comuns de uma noite mal dormida. Estima-se que existam nos catálogos médicos as descrições de mais de 100 doenças que mantêm relação direta ou indireta com um sono ruim. Sobre a importância dessa atividade aparentemente tão simples e vital, mas complicada para muitas pessoas, a equipe do Portal Infonet conversou com o médico especialista em doenças do sono, José Marcondes de Jesus.


Portal Infonet – O sono é divido em etapas, não é mesmo? O senhor poderia explicar melhor como funcionam essas etapas?
José Marcondes – Imagina-se que quando uma pessoa dorme, ela esteja num estado homogêneo, e isso não é verdade. Quando ela começa a dormir, tem uma inibição das atividades cerebrais, mas uma série de processos vai acontecer. Então, divide-se o período do sono em dois grandes estágios. O primeiro deles seria o de ausência de movimento ocular. Esse seria o estágio ‘não REM’ e está dividido em quatro partes. Neles o organismo vai diminuindo gradualmente as atividades do cérebro, dos músculos, do coração e o ritmo da respiração. Percebe-se também a alteração na secreção de alguns hormônios e alguns neurotransmissores. Passados os primeiros 90 minutos, o indivíduo começa um novo ciclo, que é chamado de ciclo de sono dos movimentos oculares rápidos, também conhecido como sono ‘REM’. Nesse estágio, a pessoa tem a propriedade de sonhar e tem uma série de ativações cerebrais. Esse é um momento que ocupa cerca de 25% do sono. Essa fase tem uma relação muito forte com a fixação da memória, a produção de neurotransmissores, a criação de imunidade biológica e uma série de outros atos fisiológicos. Seria como se um indivíduo mergulhasse numa piscina para profundidades cada vez maiores, passando por quatro estágios, depois ele emergiria para o sono REM e começaria um novo ciclo. Isso ocorreria em blocos e, no transcurso de uma noite normal, aconteceriam de cinco a seis blocos desses.

 

Infonet – Existe uma modificação do padrão de necessidade de tempo de sono com a evolução da idade do indivíduo?
JM – Com certeza. Por exemplo, os recém-nascidos dormem de 18 horas por dia, e eles o fazem não por não ter o que fazer. É por que eles têm muito o que fazer, na verdade. Eles têm uma quantidade de sono REM que corresponde a cerca de 60% do tempo total dormido, porque nesse período, eles têm que aprender uma série de processos e têm que ampliar sua imunidade. Portanto, é um período intenso de aprendizado dos pontos de vista cognitivo e fisiológico. Quando a criança vai crescendo ela vai tendo um sono REM de 25%. Ao longo da vida adulta, os sonos de estágio profundo, que são aqueles em que você sonha, mas não se lembra do conteúdo, vão diminuindo até 18 % do tempo dormido. Numa fase mais tardia da vida adulta, o indivíduo passa a ter pouco sono profundo. Ele passa a ter pouco sono restaurador e mais sono superficial e passa, então, a acordar com mais facilidade.

 

Infonet - Qual seria o tempo de sono ideal para cada faixa etária?
JM
- Um bebê precisa de 18 horas. Um adolescente, que está numa fase de mudança de perfil hormonal, precisa de um teor grande de sono não REM 3 e 4, que é aquele em que a pessoa tem muita dificuldade de acordar. Já na fase mais adulta, em termos gerais, ele precisa de sete a oito horas de sono por dia.

 

Infonet – Então, a sonolência diurna dos adolescentes é explicada pela adequação a esses sonos mais profundos, como os não REM 3 e 4? Mas existe alguma funcionalidade especial nesses tipos de sono? Por que os adolescentes precisam tanto deles?
JM
– O adolescente tem a predominância desses tipos de sono por que ele está num período de atividade metabólica muito intensa. Então, ele precisa de períodos muito restauradores. E os sonos 3 e 4 são aqueles em que você se sente efetivamente relaxado. Atualmente, o jovem está fazendo muito atraso de fase do sono por uma série de estímulos. Ou seja, isso que eu falei é diferente do caso do adolescente sonolento durante o dia porque foi dormir muito tarde.

 

Infonet – Quais os principais distúrbios do sono? O doutor tem alguns dados estatísticos sobre o tema?
JM
– Existem hoje categorizados mais de 100 doenças relacionadas ao sono. A doença das pernas inquietas, por exemplo, que é aquela quando a pessoa vai deitar e tem muito incômodo e é obrigada a levantar e ficar andando em casa, está acontecendo em 15% da população. A insônia, sem ser de uma forma definitiva, acontece em mais de 30% das pessoas. Já as insônias crônicas ocorrem em mais de 15% da população adulta. As apnéias do sono, que são paradas respiratórias que acontecem enquanto o indivíduo dorme, ocorrem numa faixa que vai de 4% a 6% dos adultos. Portanto, são doenças que têm uma prevalência na comunidade igual a outras, como asma, diabetes e hipertensão arterial. No entanto, são doenças que não são prontamente reconhecidas. O que é mais grave é que doenças como essas não são diagnosticadas com freqüência. Para se ter uma idéia, um inquérito inglês mostra que só 5% dos apnéicos sabem do diagnóstico da doença.

 

Infonet – Quais são os principais fatores que contribuem para a aquisição de um distúrbio do sono?
JM
– Existem situações que favorecem o surgimento da doença. A gente sabe que as pessoas obesas são aquelas com maior tendência a ter apnéia. As pessoas que usam antidepressivos têm tendência a ter doença das pernas inquietas. Os indivíduos que usam tranqüilizantes para dormir podem desenvolver também a apnéia por causa do relaxamento dos músculos da garganta que é causado. Com o uso do álcool à noite, acontece o mesmo.

 

Infonet – Quem está mais sujeito a ter doenças do sono, homens ou mulheres?
JM
- A depender do tipo de doença, pode haver inocorrência maior em homens e mulheres. As mulheres têm mais tendência a ter insônia. Já os homens têm mais tendência a ter apnéia. Nas crianças e adolescentes são em quem mais ocorrem as narcolepsias, que são aquelas situações em que a pessoa perde os sentidos depois de grandes emoções. Até o período em que a mulher menstrua, ela tem menos possibilidades de ter apnéia, depois que ela para de menstruar, ela está sujeita na mesma frequência em que os homens estão.

 

Infonet – Quais são suas dicas para uma noite de sono bem dormida?
JM
– Existe um conjunto de medidas chamadas de higiene do sono que ajudam. Por exemplo, não fazer uso de café, chocolate ou qualquer estimulante à noite. Também não se deve fazer exercícios físicos muito rigorosos no período noturno. Deve-se procurar não ter elementos que propiciem estimulação dentro do quarto, como televisão. É bom ter um quarto escuro, com bom nível de refrigeração e onde tenha um nível de silêncio satisfatório. Não se deve ingerir grande quantidade de comida logo antes de dormir e é necessário evitar o uso de bebidas alcoólicas e fumo antes de ir para a cama.

 

Por Zeca Oliveira e Carla Sousa

Matéria retirada da Infonet


 

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